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O SAMU 192 é um serviço que usa a telemedicina, isto é: exercício da medicina à distância, o que gera muitos questionamentos. É comum alguém que solicita uma ambulância acreditar que é dever do SAMU enviar uma equipe ao local para conferir se há necessidade ou não de atendimento, quando a presença do médico regulador no serviço é necessária exatamente para isso: julgar – mesmo à distância – utilizando as informações obtidas do solicitante, sua competência técnica, experiência e bom-senso para estabelecer uma gravidade presumida, e a partir disso, decidir se há a necessidade do envio de ambulância. Independentemente da opinião geral sobre a sua validade, este é atualmente o método mais eficaz na triagem de pacientes para atendimento móvel, visto que é o mais rápido e acessível a todos, dependendo apenas de um informante cooperativo e um telefone. Ainda não é viável incorporar ao serviço maiores avanços da telemedicina, câmeras e outros métodos de captação e transmissão de dados, nem é remotamente possível que se envie uma ambulância para todo chamado apenas para fins de avaliação.

O SAMU 192 Regional Vitória da Conquista conta, em Conquista, com 4 ambulâncias de Suporte Básico de Vida (SBV) e uma ambulância de Suporte Avançado de Vida (SAV). A portaria 1864 (29 de setembro 2003) do Ministério da Saúde define que uma cidade deve ter uma USB (Unidade de Suporte Básico) por cada 100/150 mil habitantes (Conquista tem pouco mais que 300 mil), e uma USA (Unidade de Suporte Avançado) para cada 400/450 mil habitantes. O SAMU Regional encontra-se em fase de implantação, com as seguintes cidades já em operação: Poções (uma USB), Maetinga (uma USA) e Condeúba (uma USB). O serviço registra atualmente uma média de 400 ligações por dia, número em franco crescimento devido à implantação das unidades do SAMU Regional. Ainda operando com apenas uma linha telefônica de acesso ao público (e esse é o motivo de dificuldades relatadas por usuários do serviço para conseguir contato, principalmente em momentos de pico de solicitações), a meta é de 5 linhas pela manhã e 3 à noite. Dessa forma, atualmente o serviço recebe uma ligação a cada 3 minutos e meio, descontados os trotes, enganos e pedidos de informações.

Assim, este é o funcionamento do serviço:

1. Um solicitante (ou a própria vítima) disca o número 192 (ligação gratuita);
2. O Telefonista Auxiliar de Regulação Médica (ou TARM) registra a queixa principal da vítima, telefone de contato e endereço completo com ponto de referência, para facilitar o acesso rápido da equipe ao local da ocorrência;
3. A ligação é encaminhada ao médico regulador, que questiona o solicitante sobre o quadro clínico apresentado pelo paciente, estabelece a gravidade presumida da ocorrência e encaminha ou não a ambulância;
4. O rádio-operador (ou operador de frota) recebe o pedido de ambulância enviado pelo médico (caso o médico decida mandar a ambulância) e aciona a equipe (via celular ou rádio), informando o endereço da ocorrência e sua gravidade;
5. A equipe de atendimento móvel se desloca ao local da ocorrência, avalia a vítima e passa as informações (por telefone ou rádio) ao médico regulador, que decide e informa à equipe o destino do paciente;
6. A equipe conduz o paciente ao destino informado.

Notas:

1. O TARM não tem autorização para dispensar uma ocorrência que ainda não foi avaliada pelo médico, nem de enviar a ambulância ao local. Assim, um chamado só pode ser atendido após a triagem feita pelo médico regulador;
2. A escolha do hospital para encaminhamento do paciente é feita pelo médico, baseado no quadro clínico da vítima, das condições da rede hospitalar (capacidade, presença ou não de profissional e equipamentos especializados, etc.), e não pela preferência pessoal da vítima ou solicitante (a não ser que esta escolha ir a uma unidade privada que tenha condições de atender o seu caso);
3. O médico regulador pode decidir não conduzir o paciente a um hospital, quando entender que a vítima não tem necessidade de atendimento médico imediato, seja por melhora clínica do paciente, informação insuficiente ou atitude de má-fé que o levou a enviar uma ambulância para um paciente sem necessidade do serviço.